6 de jul. de 2008

Fragmentos da vida





Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco. Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia: -Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?
O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.
Numa determinada manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu e o povo disse:
-Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!
-Não cheguem a tanto, retrucou o velho. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento.
Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este é apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai acontecer?
As pessoas riram do velho. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo. Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:

- Velho, você estava certo. Não se tratava de uma desgraça, na verdade se tornou uma benção.

-Vocês estão se adiantando mais uma vez, disse o velho. Apenas digam que o cavalo está de volta.
Quem sabe se é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento.
Se você lê apenas uma única palavra de uma sentença, como pode julgar todo o livro?
Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente acreditavam que ele estava errado.
Doze lindos cavalos tinham vindo... O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagen.
Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas.
As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram.
Elas disseram:
-Você tinha razão, novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas e na sua velhice ele seria seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca.
-Vocês estão obcecados por julgamento, ponderou o velho. Não se adiantem tanto.
Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção.
A vida vem em
fragmentos, mais que isso nunca é dado. Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar.
Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se, porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram:
-Você tinha razão, velho - aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre.
-Vocês continuam julgando, retrucou o velho.
Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Ninguém sabe se isso é uma benção ou uma desgraça.
Quem julga fica obcecado com fragmentos, pula para as conclusões a partir de coisas pequenas, deixa de crescer.

Julgamento significa um estado mental estagnado.


Observe sua vida fluindo!

Atenha-se somente aos fatos.

Evite os julgamentos.


Tenha uma ótima semana

beijos da

águia

Um comentário:

Barros de Alencar disse...

Águia, gostei muito do seu blog, e como não poderia gostar? Quem posta sobre um velho que eu gostaria de ter a sabedoria, só tenho a velhice, como esse tem que ter um blog destes.
Em tempo: gostei do modelo do seu blog, se puder me indique o endereço que adquiriu, gostaria de ter um como o seu, que tem duas abas laterais.
bjs.